Fui ver este filme sem pensar na possibilidade dele ser pamfletário, político, isso ou aquilo. Quis ver porque a história do Lula é uma que acompanhei durante um tempo e estava curioso pra ver como a história ia ser recontada.
Mas foi justamente esse elemento, a história, que não funcionou. Vejo poucos filmes nacionais com um bom roteiro. Em nenhum momento eu vi o crescimento do personagem principal. Nada me convencia da paixão dele. De repente ele era líder sindical... de repente ele subiu... de repente todos o adoravam... de repente ele foi preso. Motivações e paixões nunca foram expostas. O básico em um roteiro é que aprendemos mais com as reações de um personagem do que com o que ele conta.
Tem também o ator Milhem Cortaz que fez o pai do Lula. Existe uma mania agora no teatro no Brasil que atuar bem é se exacerbar e falar texto gritando enquanto chora e baba. Vide a Pedra do Reino versão da Globo. É uma pena porque é um ótimo ator na mão de uma direção equivocada.
O ator imita bem o Lula. Adoro a Cléo Pires. Mas uma coisa que este filme faz que quase todos os filmes e produções de TV fazem é que pra fazer papel de nordestino pegam atores da região Sudeste. Os sotaques nunca são convincentes. As atuações são exageradas, clownescas, caricatas. Na verdade não sei como nordestinos agüentam ser retratadas desse jeito o tempo inteiro. (A primeira vez que vi um filme em que o nordestino não era retratada de forma caricata foi no Céu de Suely de Karim Ainouz). Sempre amei a Gloria Pires mas o texto que deram pra ela era cliché atrás de clichés atrás de cliché. Quase risíveis. Só faltou ela falar – Agua mole em pedra dura...
Só recomendo o filme por que sempre vale a pena ser lembrado de como a ditadura era estúpida e troglodita. Mas esse filme peca no lugar onde a grande parte dos filmes nacionais pecam... no roteiro. Lula o filho do Brasil não é uma historia bem contada.